quarta-feira, 13 de maio de 2015

A Chefia de Estado


Ao mesmo tempo que anda deslumbrada com as candidaturas presidenciais que se acotovelam na ilusão de representarem os portugueses, a nossa comunicação social republicana não resiste ao charme das monarquias desde que sejam longe e da realeza desde que seja estrangeira. Esta é a explicação que encontro para a larga cobertura dada este fim-de-semana ao nascimento da princesa filha dos duques de Cambridge, numa demonstração de patriotismo do avesso.
A esse propósito, no que diz respeito à perspectiva estritamente política, nunca é de mais relembrar que a chefia hereditária do Estado, que maioritariamente subsiste legitimada pela história nos países europeus mais desenvolvidos, é um factor de equilíbrio e de religação nacional, último reduto da unidade identitária e dos valores perenes do ideal comum, sempre ameaçados pela legítima mecânica democrática, cujo exercício por natureza exacerba a luta faccionaria que compele à desagregação. Um símbolo maior, espelho da comunidade de afectos que é Portugal.