terça-feira, 11 de julho de 2017

Análise da Situação Política

Pieter Brueghel o Velho - The triumph of death (excerto)



É consensual que os nossos problemas decisivos têm sido políticos:

  • De organização (a mais antiga e eficaz das tecnologias humanas),
  • De consenso (porque não existe uma mesa onde a conversação possa convergir em vez de sempre divergir),

  • Insistimos em práticas que não se demonstram fecundas,

  • Não procurando propostas fundamentadas (ausentando a Academia nos processos de decisão).

Uma transformação económica exige uma profunda transformação política.


Se têm sido continuamente solicitadas à sociedade mudanças de comportamento, adaptações e sacrifícios, também a sociedade encontra necessidade de mudança na política.

Se havemos de passar a um novo patamar económico, político e cultural, são imprescindíveis a continuidade estratégica, a monitorização dos programas em realização, os consensos sobre objetivos comuns à democracia e o reforço da credibilidade do Estado.

A política decorre na livre contenda de interesses e opiniões. Os conflitos expressam-se na discussão democrática. O nosso modo de viver é plural. Mas tampouco é o atual pluralismo político e cultural do País que, por si só, espontaneamente, fabricará a eficácia política que unanimemente reconhecemos fundamental e requeremos.

Mas sem uma mudança política, assertiva, clara e definidora, por resposta vigorosa e democrática, nada mais poderemos alcançar.

(Continua)

sábado, 8 de julho de 2017

Imagens de Portugal


(...) Tão de repente,
Realidade, tu poisaste o teu pé
Nas pegadas do mar, disseste
águas, exorbitaste dos olhos,
e repetiste: lágrimas. Chamaste
a coroa das palavras, o nome
de todas as palavras, neste lugar:
a língua, no tempo de Portugal. (...)

Fiama Hasse Paes Brandão, 
«Teoria da Realidade. Tratando-a por tu» (excerto) 
in Cenas Vivas, Lisboa, Relógio D'Água, 2000 (1997)

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Análise da Situação Política



As crises ou problemas sociais, económicas e financeiros que se nos antepõem são, em primeiro lugar, problemas da organização da sociedade em que vivemos e da política que praticamos.

A abertura da nossa economia não é explicação para os problemas que hoje enfrentamos. Sabemos que o modo como foram geridas as relações do Estado com suas várias parcerias e as irresponsabilidades da Banca estão no centro do descalabro financeiro, dos problemas económicos e da retração da expetativa dos portugueses.

O nosso percurso social e económico foi constituído de alguns poucos anos de entusiasmo e por muitos de preocupação.

Porém, recuso atribuir atrasos e percalços a problemas de índole social ou nacional.

Mas falta adequação pedagógica e falta consistência nas políticas de prevenção.

Sabemos que colhemos o fruto da falta de estratégias orçamentais a longo prazo.

É preciso voltar a pôr questões políticas essenciais. (Continua)

domingo, 2 de julho de 2017

Leituras



«O estudo das formas do passado ajuda, sem dúvida, a compreender o funcionamento da complexa realidade em ue estamos inseridos e a tomar consciência dos limites dentro dos quais é possível alguma mutação ou mesmo a elaborar estratégias adequadas para transformar num sentido positivo uma realidade cultural, social ou económica que já não corresponde às necessidades do mundo actual.»

in José Mattoso, Identificação de um País, Vol I, Ed.Estampa, 1985, pág 25.